Como calcular o pró-labore sem erros

Mikaellen Gonçalves da Costa | Atualizado em: 14/01/2025 | 6 minutos de leitura
Sócios apertando as mãos após calculo de pró-labore

Definir o valor do pró-labore é uma tarefa que parece simples à primeira vista, mas que, na prática, exige atenção a muitos detalhes. Desde a definição justa para os sócios até a compatibilidade com a saúde financeira da empresa, há diversas variáveis que precisam ser consideradas. Além disso, erros nesse cálculo podem impactar tanto o caixa da empresa quanto o cumprimento de obrigações fiscais.

Se você quer entender como calcular o pró-labore de forma correta e evitar problemas futuros, este post é para você.

O que é pró-labore

Antes de entrar nos detalhes do cálculo, é essencial entender exatamente o que é o pró-labore e por que ele é tão importante. Afinal, esse valor vai além de uma simples remuneração para os sócios; ele é um elemento estratégico na gestão financeira da empresa.

Definição e importância

O pró-labore, que em latim significa “pelo trabalho”, é a remuneração paga aos sócios ou administradores de uma empresa em troca do trabalho que realizam no dia a dia. Diferentemente de um salário, o pró-labore não está vinculado às leis trabalhistas, como o pagamento de FGTS, mas exige o recolhimento de contribuições previdenciárias e, em alguns casos, de impostos.

Esse valor é essencial para formalizar o papel dos sócios na empresa e garantir que eles sejam recompensados pelo esforço dedicado à operação do negócio. Além disso, ele impacta diretamente a organização financeira da empresa, pois precisa ser contabilizado como despesa operacional.

Diferença entre pró-labore e distribuição de lucros

Embora muitas pessoas confundam esses conceitos, pró-labore e distribuição de lucros são coisas completamente diferentes. Enquanto o pró-labore é a remuneração pelo trabalho realizado, a distribuição de lucros corresponde ao repasse dos ganhos líquidos da empresa aos sócios, proporcional à participação de cada um.

Uma diferença importante é que o pró-labore está sujeito à tributação previdenciária e, em alguns casos, ao Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). Já a distribuição de lucros, quando feita de acordo com a legislação vigente, é isenta de impostos para os sócios.

Obrigações fiscais associadas ao pró-labore

Não podemos esquecer que o pró-labore implica em obrigações fiscais que não podem ser ignoradas. O principal recolhimento é o do INSS, que corresponde a 11% do valor bruto pago ao sócio. Além disso, dependendo do regime tributário da empresa e do valor do pró-labore, pode haver retenção de IRRF.

Por isso, além de definir o valor adequado, é fundamental planejar o recolhimento dessas contribuições para evitar problemas com o Fisco e garantir que a empresa esteja em conformidade com a legislação.

Fatores a considerar no cálculo

Definir o pró-labore não é apenas uma questão de “quanto o sócio gostaria de receber”. Pelo contrário, é um processo que exige análise cuidadosa de vários fatores, sempre equilibrando justiça, sustentabilidade e realismo.

Funções e responsabilidades do sócio

Primeiramente, é importante avaliar o papel que o sócio desempenha na empresa. Ele está à frente das decisões estratégicas? Participa diretamente da operação? Gerencia equipes? Quanto maior for a complexidade e a relevância das suas funções, maior deve ser o valor do pró-labore.

Essa análise não só ajuda a definir um valor justo, mas também reflete a importância do sócio para o negócio, evitando conflitos internos ou insatisfações.

Média salarial do mercado para cargos equivalentes

Outro ponto essencial é considerar a remuneração média de mercado para funções similares. Por exemplo, se o sócio atua como gerente financeiro, é interessante pesquisar qual é o salário médio de um gerente financeiro em empresas do mesmo porte e setor.

Essa prática evita distorções e garante que o valor definido esteja alinhado às expectativas do mercado, o que é importante tanto para a justiça interna quanto para a credibilidade da empresa.

Capacidade financeira da empresa

Por último, mas não menos importante, é fundamental avaliar a saúde financeira da empresa. Afinal, ele não pode comprometer o caixa do negócio ou inviabilizar investimentos essenciais para o crescimento.

Portanto, ao definir o valor, leve em conta a receita recorrente, os custos fixos e variáveis, e a margem de lucro. Esse equilíbrio é crucial para que a empresa mantenha sua sustentabilidade financeira enquanto recompensa adequadamente o trabalho dos sócios.

Passo a passo para calcular o pró-labore corretamente

Agora que você conhece os fatores envolvidos, vamos ao passo a passo para calcular o pró-labore de forma prática e precisa.

Identificação das atividades desempenhadas pelo sócio

O primeiro passo é listar todas as responsabilidades do sócio na empresa. Ele está diretamente envolvido na operação? Atua no planejamento estratégico? Coordena equipes? Saber exatamente quais funções são desempenhadas ajuda a justificar o valor definido.

Pesquisa de salários de mercado para funções similares

Com as responsabilidades mapeadas, o próximo passo é pesquisar a média salarial de mercado para cargos equivalentes. Utilize ferramentas de consulta salarial ou plataformas especializadas para obter dados confiáveis. Isso garante que o pró-labore seja justo e competitivo.

Definição de um valor compatível com a saúde financeira da empresa

Por fim, considere a capacidade financeira do negócio. Analise o fluxo de caixa, as receitas previstas e as despesas operacionais para determinar um valor que seja sustentável. Não adianta definir um pró-labore muito alto se isso vai comprometer a saúde financeira da empresa a longo prazo.

Erros comuns no cálculo do pró-labore e como evitá-los

Mesmo com um bom planejamento, é fácil cometer erros ao calcular o pró-labore. Veja quais são os mais frequentes e como evitá-los.

Não considerar todas as variáveis financeiras envolvidas

Definir o pró-labore sem levar em conta as despesas da empresa ou as obrigações fiscais é um erro comum. Isso pode resultar em valores insustentáveis, que prejudicam o caixa e colocam a empresa em risco.

A solução é sempre analisar o contexto financeiro completo, garantindo que o valor definido esteja alinhado às realidades do negócio.

Estipular valores incompatíveis com a realidade do mercado

Outro erro frequente é definir valores muito baixos ou muito altos em relação à média do mercado. Isso pode gerar insatisfação dos sócios ou dificultar a justificativa em auditorias ou negociações com parceiros.

Para evitar esse problema, consulte regularmente as médias salariais de mercado e ajuste o valor conforme necessário.

Desconsiderar as obrigações fiscais e previdenciárias

Por fim, ignorar os encargos associados ao pró-labore é um erro que pode trazer consequências graves, como multas e problemas legais. Sempre inclua o recolhimento de INSS e IRRF no planejamento e conte com o suporte de um contador qualificado para orientar esse processo.

Empresário vendo relatórios de contador sobre o pró-labore

Conclusão

Calcular o pró-labore corretamente é uma tarefa essencial para manter a harmonia entre sócios e a saúde financeira da empresa. Ao seguir as orientações deste guia, você estará mais preparado para definir um valor justo, sustentável e em conformidade com as exigências legais. Afinal, um pró-labore bem calculado é sinônimo de gestão eficiente e comprometimento com o sucesso do negócio.

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