Planejamento tributário com criptomoedas: o que contadores precisam saber

Mikaellen Gonçalves da Costa | Atualizado em: 12/02/2025 | 9 minutos de leitura
Profissionais discutindo sobre planejamento tributário

O crescimento do mercado de criptomoedas está transformando a forma como as pessoas investem e, claro, como as empresas gerenciam seus ativos. Para os contadores, essa realidade representa tanto um desafio quanto uma grande oportunidade. Afinal, entender a tributação de criptoativos e oferecer um planejamento tributário eficiente pode ser o diferencial para atrair e fidelizar clientes, especialmente aqueles que investem em Bitcoin, Ethereum, NFTs e outros ativos digitais.

Então, se você, contador, ainda tem dúvidas sobre como lidar com a tributação de criptomoedas ou quer se aprofundar no assunto para oferecer um serviço mais completo, este post é para você. Aqui, vamos abordar desde as regras fiscais até estratégias de planejamento tributário que fazem a diferença para seus clientes.

Entendendo a tributação de criptomoedas

Antes de pensar em estratégias para otimização tributária, é fundamental que o contador compreenda como funciona a tributação de criptomoedas no Brasil. Embora o tema ainda gere dúvidas, a Receita Federal já estabeleceu diretrizes claras que impactam diretamente o trabalho do profissional contábil.

Regras fiscais para transações com criptoativos

No Brasil, as criptomoedas são tratadas pela Receita Federal como bens, e não como moedas. Assim, isso significa que operações de compra, venda, permuta, doação ou transferência de criptoativos podem gerar ganho de capital, sujeito à tributação.

O Imposto de Renda (IR) incide sobre o lucro obtido nessas transações, com alíquotas que variam de 15% a 22,5%, dependendo do valor do ganho. No entanto, há uma isenção para operações de venda de criptoativos que, somadas, não ultrapassem R$ 35.000 por mês. Assim, esse limite de isenção é um ponto crucial para o planejamento tributário, permitindo que o contador oriente seus clientes sobre a melhor forma de realizar operações sem incorrer em tributos desnecessários.

Além disso, todas as transações devem ser registradas, independentemente do volume negociado, pois a Receita exige que a posse de criptoativos seja declarada anualmente no Imposto de Renda, com informações detalhadas sobre o tipo de ativo, quantidade e valor de aquisição.

Declaração obrigatória ao Fisco

A Instrução Normativa 1.888/2019 trouxe novas obrigações para investidores de criptomoedas. Caso o cliente realize operações em corretoras estrangeiras, entre pessoas físicas ou fora do ambiente de exchanges, ele é responsável por enviar mensalmente a Declaração de Criptoativos, sempre que o valor total das operações ultrapassar R$ 30.000 em um único mês.

Essa obrigação inclui informações detalhadas sobre cada transação: data, tipo de ativo, quantidade, valor da operação e até o endereço da carteira digital utilizada. O contador precisa estar atento a essas exigências para garantir que o cliente esteja em conformidade e evitar problemas futuros com o Fisco.

Penalidades por omissão ou erros na declaração

Omissões ou erros na declaração de criptoativos podem gerar multas significativas. Para operações não declaradas, a Receita Federal aplica multas que variam de R$ 500 a R$ 1.500 por mês, dependendo se o contribuinte é pessoa física ou jurídica.

Em casos de omissão de ganhos tributáveis no Imposto de Renda, a multa pode chegar a 75% do imposto devido, acrescida de juros de mora. Por isso, o contador precisa garantir não só a correta apuração dos tributos, mas também o cumprimento de todas as obrigações acessórias, evitando riscos fiscais para seus clientes.

Estratégias de planejamento tributário

O papel do contador vai além da simples apuração de impostos. Com o conhecimento certo, é possível implementar estratégias que ajudam a reduzir a carga tributária de forma legal e eficiente.

Fracionamento de vendas para aproveitar isenções

Uma das estratégias mais simples, mas altamente eficazes, é o fracionamento de vendas. Como mencionamos, operações de venda de criptoativos estão isentas de IR se o valor total vendido no mês não ultrapassar R$ 35.000.

Assim, o contador pode orientar o cliente a dividir grandes operações em parcelas menores, distribuídas ao longo de diferentes meses, para que ele se beneficie da isenção mais de uma vez. Essa estratégia é particularmente útil para investidores que realizam vendas frequentes e precisam otimizar seus resultados financeiros.

Escolha do momento adequado para realizar ganhos

O timing da realização de lucros é outro aspecto importante no planejamento tributário. Dependendo do volume de operações já realizadas no ano e do desempenho da carteira do cliente, pode ser mais vantajoso adiar a venda de determinados ativos para o próximo exercício fiscal.

Além disso, momentos de desvalorização podem ser uma oportunidade para realizar operações com menor impacto tributário. O contador deve acompanhar o histórico de operações do cliente e sugerir o melhor momento para concretizar ganhos, sempre considerando o impacto fiscal.

Diversificação de investimentos em diferentes criptoativos

A diversificação da carteira de criptoativos não é apenas uma estratégia de mitigação de riscos financeiros, mas também uma ferramenta para otimização tributária. Isso porque, em caso de prejuízos em algumas operações, o investidor pode compensar esses prejuízos com ganhos obtidos em outros criptoativos, reduzindo a base de cálculo do IR.

O contador deve orientar o cliente sobre a importância de registrar detalhadamente cada operação, incluindo ganhos e perdas, para garantir que todas as compensações possíveis sejam aproveitadas.

Registro detalhado de custos e despesas

Manter um registro detalhado de custos e despesas relacionados às operações com criptoativos é fundamental para uma apuração correta do imposto. Logo, isso inclui taxas de corretagem, tarifas de transação em blockchain, custos com consultorias especializadas e quaisquer outras despesas vinculadas às operações.

Assim, esses valores podem ser deduzidos na apuração do ganho de capital, reduzindo o imposto devido. Por isso, o contador deve implementar processos que garantam o controle eficiente desses registros, facilitando o trabalho de apuração e aumentando a segurança fiscal do cliente.

Erros comuns a evitar

Mesmo com um bom planejamento tributário, alguns erros podem comprometer a regularidade fiscal dos clientes. O papel do contador é identificar e corrigir essas falhas antes que se tornem um problema.

Falta de declaração de movimentações

Um dos erros mais frequentes é a omissão de transações na declaração de Imposto de Renda. Muitos investidores acreditam, erroneamente, que operações realizadas em corretoras estrangeiras ou em valores baixos não precisam ser informadas.

O contador deve deixar claro que todas as movimentações relevantes devem ser declaradas, independentemente do valor ou da plataforma utilizada. A Receita Federal possui mecanismos de fiscalização cada vez mais avançados e está atenta a operações com criptoativos.

Desorganização na documentação das operações

Outro erro comum é a falta de organização dos documentos relacionados às operações. Sem registros claros de datas, valores de compra e venda, taxas pagas e outros detalhes, torna-se difícil calcular corretamente o imposto devido.

O contador precisa implementar um sistema de controle que permita o registro detalhado de todas as operações do cliente, facilitando tanto o cálculo do IR quanto a comprovação em caso de auditorias fiscais.

Ignorar a tributação de Altcoins e outros ativos digitais

Muitos investidores focam apenas no Bitcoin e esquecem que outras criptomoedas, como Ethereum, Cardano e até NFTs, também estão sujeitas à tributação. Logo, o mesmo vale para atividades como staking, yield farming e operações de DeFi.

Por isso, o contador deve estar atento a todas as formas de investimento em criptoativos e orientar o cliente sobre a necessidade de declarar e tributar corretamente esses ativos, evitando problemas com o Fisco.

O papel do contador no planejamento tributário

Em um cenário fiscal cada vez mais complexo, o contador deixa de ser um simples “calculador de impostos” para se tornar um consultor estratégico. O profissional contábil desempenha um papel crucial no planejamento tributário de criptoativos, oferecendo orientação especializada e garantindo a conformidade fiscal do cliente.

Educação e orientação ao cliente

O primeiro passo para um bom planejamento tributário é a educação fiscal. Por isso, o contador deve orientar seus clientes sobre as regras de tributação de criptoativos, explicando de forma clara quais são as obrigações fiscais, prazos para declaração e estratégias de otimização tributária.

Afinal, essa orientação é fundamental para que o cliente entenda a importância do planejamento e colabore ativamente na organização das informações necessárias.

Organização e manutenção de registros

Manter a organização dos registros fiscais é uma das responsabilidades mais importantes do contador. Isso envolve a criação de controles internos eficientes, o armazenamento seguro de documentos e o acompanhamento constante das operações realizadas pelo cliente.

Com o apoio de ferramentas de gestão, como o Digiliza Tarefas, o contador consegue automatizar processos, facilitar o controle de informações e garantir que todos os dados estejam prontos para apuração e declaração.

Cálculo preciso de impostos e aproveitamento de benefícios

O contador também é responsável pelo cálculo preciso dos impostos devidos, considerando todos os aspectos da legislação tributária aplicável aos criptoativos. Logo, isso inclui o aproveitamento de isenções, a compensação de prejuízos e a aplicação de deduções permitidas por lei.

Com um planejamento tributário bem estruturado, o profissional contábil consegue reduzir a carga tributária do cliente de forma legal, aumentando a eficiência financeira e agregando valor ao seu serviço.

Atualização constante sobre mudanças na legislação

O mercado de criptoativos está em constante evolução, e o mesmo acontece com a legislação que o regula. Dessa forma, o contador precisa estar sempre atualizado sobre as novas normas fiscais, instruções da Receita Federal e mudanças na regulamentação do setor.

Essa atualização contínua permite que o profissional antecipe mudanças, adapte estratégias de planejamento tributário e mantenha seus clientes em conformidade com as regras fiscais vigentes.

Profissional sorridente com seu planejamento tributário

Conclusão

Em resumo, o planejamento tributário com criptomoedas deixou de ser uma tendência para se tornar uma necessidade para contadores que desejam se destacar no mercado. Por isso, em um cenário fiscal cada vez mais rigoroso, o profissional contábil tem um papel fundamental na orientação, organização e apuração correta dos tributos relacionados aos criptoativos.

Dessa maneira, contar com ferramentas de gestão, como o Digiliza Tarefas, pode facilitar significativamente o trabalho do contador, permitindo uma abordagem mais eficiente e segura no controle das operações e na apuração de impostos. Seja você um contador que já atua com criptoativos ou alguém que está começando a explorar esse universo, o importante é se manter atualizado, investir em conhecimento e transformar o planejamento tributário em uma vantagem competitiva para o seu escritório

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